Medicina Alternativa (exemplo: Mindfulness e Yoga)


De acordo com a Organização Mundial de Saúde, consideram-se terapêuticas não convencionais aquelas que aplicam terapêuticas próprias, com base num processo de diagnóstico específico e que possuem uma base filosófica diferente da medicina convencional. O Estado Português reconhece as seguintes modalidades: acupunctura, homeopatia, osteopatia, naturopatia, fitoterapia, quiropraxia e medicina tradicional chinesa (leis n.º 45 de 2003 e 71 de 2013). As regras em vigor impõem, entre outras coisas, que os terapeutas tenham formação académica superior na área, cédula profissional, prestem informações corretas e adequadas sobre o tipo de tratamento, duração e efeitos favoráveis e adversos que são expectáveis do mesmo e que tenham um seguro de responsabilidade civil.

Nas últimas décadas, a procura de opções complementares à terapêutica farmacológica tem aumentado, sobretudo nas doenças crónicas. No caso particular da doença inflamatória intestinal (DII), estima-se que entre 30 e 60% dos doentes já tenham recorrido a algum tipo de terapêutica não convencional com o objetivo de melhorar o seu estado geral e reduzir os seus sintomas. Este interesse numa abordagem mais holística deriva da vontade de se ter mais autocontrolo sobre a doença, mas provavelmente também da perceção errada de que essas terapias são mais seguras que o tratamento farmacológico e/ou cirúrgico. Convém salientar que algumas abordagens podem associar-se a efeitos adversos e até apresentar interações com fármacos que se encontrem a tomar, tornando fundamental a comunicação aberta entre o doente e a equipa hospitalar (enfermeiros, médicos e nutricionistas) para que as decisões sejam tomadas de forma conjunta e segura.

Embora as terapêuticas não convencionais sejam muito praticadas, os estudos da sua eficácia são escassos, heterogéneos e difíceis de generalizar para a vida real. Até à data, nenhum ensaio clínico demonstrou que qualquer terapêutica não convencional seja sistematicamente mais eficaz que o placebo. Ou seja, não existe suporte científico para dizer que as terapias não convencionais diminuem a inflamação ou contribuem para controlar a doença. No entanto, essas terapias podem contribuir para melhorar a qualidade de vida dos doentes com DII, através da promoção do bem-estar físico, social e espiritual, explorando a interação mente-corpo.

No que diz respeito à fitoterapia, alguns autores têm sugerido que determinadas plantas, como aloé vera e curcuma, podem ter algum papel como adjuvante na gestão dos sintomas associados às formas ligeiras-a-moderadas de DII. Contudo, essas conclusões derivam de trabalhos realizados em modelos animais ou de estudos clínicos em que foram utilizados extratos purificados em laboratório, nem sempre disponíveis para comercialização. Relativamente aos suplementos alimentares, como sejam o ómega-3 e os aminoácidos essenciais, não existem estudos que suportem de forma clara a existência de benefício na sua utilização.

É essencial relembrar que os estudos que suportam a utilização de fármacos na DII são sólidos, reprodutíveis e amplamente validados, sendo a base dos protocolos e recomendações que tutelam a gestão clínica a nível global.

Assim, a opção de complementar o tratamento farmacológico com uma terapia não convencional – mas nunca em substituição do tratamento médico – deve ser uma decisão esclarecida e discutida entre o doente e a equipa hospitalar assistente, ficando sempre claro que muitas terapias alternativas carecem de uniformidade de procedimentos e não são regidas por regulamentação e controlo oficial.



Autoria
Young GEDII: Paula Sousa, Joana Roseira, Maria Manuela Estevinho, Sónia Bernardo
Ana Catarina Carvalho – Centro Hospitalar Tondela-Viseu
Sofia Ventura – Centro Hospitalar Tondela-Viseu
Francisco Pires – Centro Hospitalar Tondela-Viseu
Cláudio Rodrigues – Centro Hospitalar Tondela-Viseu
João Correia – Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho
Edgar Afecto - Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho
Juliana Serrazina – Hospital Santa Maria – Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte
João António Cunha Neves – Centro Hospitalar Universitário do Algarve
Viviana Alexandra Sequeira Martins - Centro Hospitalar Universitário do Algarve




Para mais informações, aceda às páginas das associações portuguesa e europeia dos portadores de Doença Inflamatória Intestinal:



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